domingo, 28 de novembro de 2010

O Desejo em: Descartes e Spinoza

Resumo:
O intuito deste artigo é distinguir o desejo na percepção de Descartes com a visão de Spinoza. Por isso, o estudo foi realizado com base na idéia do desejo contido na obra ética do filósofo Benedictus de  Spinoza que é contraposta com a idéia de desejo encontrada na obra Tratado sobre as Paixões da Alma. enquanto em Descartes o desejo é apenas uma das paixões primitivas, considerando-se assim grande parte da vida passional do homem como independente de tal desejo. Na Ética, "O desejo é o apetite acompanhado da consciência dele próprio". Em Spinoza observa-se que o desejo é a causalidade humana reproduzindo no plano dos modos a atividade divina como atividade imanente, No qual Todas as paixões derivam da dinâmica fundadora do desejo. Já a noção de desejo cartesiano é associativo ou incorporado de outras paixões. Existem portanto, reflexões sobre o desejo em Descartes e em Spinoza que são perceptivéis nas obras Tratados das paixões da alma e a Ética.
Palavras-Chave :SPINOZA.DESEJO.DESCARTES.
 O Desejo na Concepção de Spinoza

Em Spinoza o  desejo relaciona-se com o a essência ou ''conatus''. É uma tendência interna do ''conatus''  fazer algo que conserve ou aumente sua força. É  na instância do ''conatus'' que Spinoza vai definir a essência humana pelo desejo.Dentro do desejo é encontrado o fenômeno humano da paixão. Para Spinoza  a paixão procura bens capazes de conservar o ''conatus'',tanto quanto a ação o faz ,mas é guiada pela imaginação e não pelo intelecto. Assim sendo,os bens que buscam a satisfação do desejo permanecem exteriores ao ''conatus'', e mais ainda, a imaginação os apresenta como bens conflitantes e contrários, deixando o homem em situação dificil, incapaz de decidir-se por um ou outro objeto desejado. Essa instabilidade enfraquece o ''conatus'' e deixa-o na influência das causas exteriores. Sendo objeto de forma negativa: tristeza, ódio, medo, ciúme, vingança ou o mesmo objeto oscila de forma positiva inversa: amor, alegria, coragem. Portanto é considerada apetite, pode ser assim definido: ‘’o desejo é o apetite de que se tem consciência própria’’.Como está na sua obra Ética.
Percebe-se que em virtude de todas estas coisas, que homem não esforça-se por fazer uma coisa que não quer, não a convir, nem desejar qualquer coisa porque a considera boa; porém, ao contrário, julga-se que uma coisa é boa porque é tendencioso a ela, porque a quis  ou a  desejou. Existe portanto uma auto-consciência, no entanto é  independe da vontade ou seja é um esforço de existir desejando.Sendo  assim é entendido que a paixão deriva do desejo.

Descartes e O Desejo na obra Tratado das Paixões da Alma
No Tratado sobre as Paixões da Alma, para Descartes o desejo é uma agitação da alma, que se dispõe a querer para o futuro as coisas que ela representa como convenientes e repelir aquelas que lhe são nocivas. Dessa forma é  observado a paixão do desejo em Descartes, já que o desejo é um tipo de paixão. Para o filósofo, o desejo é  a vontade de obter algum bem ou de fugir de algum mal e dele nascem todas as outras paixões.Tal visão cartesiana remete a idéia na qual é necessária conservá-la e  a fortalecê-la em todas as variações da paixão, sendo assim percebida. o desejo e sua ocorrência é percebida em tantas espécieis diversas quantas são os diversos objetos procurados. Para Descartes, a alma ou espírito possui três "faculdades": vontade; pensamento; percepção. A vontade se exerce quando a alma quer algo; o pensamento, quando ela raciocina, duvida, compara, abstrai etc .A percepção seria, por outro lado, sua dimensão passiva. Descartes compreende as percepções como sensações dos corpos (formas, solidez, cores, sons etc.); percepções da própria alma (percepção de que está raciocinando, duvidando, querendo, imaginando, sentindo etc.); e  os sentimentos (amor, ódio, tristeza, alegria etc.) É nessa lógica que é entendido o fucionamento de qualquer tipo de paixão e o desejo não seria diferente. Pois são através destas ‘’faculdades’’ que o desejo é experimentado, sentido e vivênciado pelo homem, sendo esta concepção oposta ao conceito de desejo em  Spinoza.
Conclusão:
Conclui-se que o desejo é uma forma de paixão percebida  tanto em Spinoza como em Descartes. Sabe-se que são idéias totalmente opostas entre os filósofos. Descartes demonstra que as paixões do desejo e suas percepções tem carater dualista,pois suas ações  ocorrem na alma e terminam na própria alma e  há  ações que ocorrem no próprio corpo  e o homem está condenado a senti-lo e a  controla-lo. Dessa forma não consegue convencer as paixões pelo dualismo entre o espirito e a matéria, Já que a alma não tem  o dominio sobre o corpo. Para Spinoza o verdadeiro processo de conhecer as paixões humanas deve fundamentar-se no entendimento de sua natureza, pois o homem é movido muito mais pelo cego desejo do que pela razão. Entender tal natureza, é o caminho certo para conhecê-lo e sendo conhecido,domina-lo. Já que as paixões do homem, bem como seu desejo  são qualidades naturais que de alguma forma  afetam o ser humano e obdecem às leis desta natureza humana e da mesma forma é entendido a visão Spinoziana sobre o desejo.

Referências Bibliográficas:
SPINOZA,B.Ética.1ª.ed. São Paulo, Abril Cultural, 1973. (Coleção Os Pensadores)
DESCARTES,R.As Paixões da Alma.Coleção Grandes Obras Do Pensamento Universal.ed.São Paulo,Escala,Nº 06.146 páginas.

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